A Morte de um rio

08/07/2018

       Nascido na Serra do Caparaó formado pelos rios Preto e São João, o Itabapoana é o segundo importante rio do sul do Espírito Santo possuindo um comprimento de 250 km cortando serras, vales e planícies até sua foz no Oceano Atlântico. Este rio histórico servia de base para muitos posseiros que estabeleceram suas raízes nas regiões sul capixaba e norte fluminense, servindo até hoje como fonte de renda e sustento de milhares de pessoas que vivem em todo o seu percurso. 

       Conhecido por sua bravura, o Itabapoana muitas vezes é temido pelos ribeirinhos onde há várias décadas o rio transborda causando danos a população e a agropecuária. Mas, o Itabapoana também é fonte de renda, pois muitos pescadores sobrevivem da pesca visando o abastecimento dos comércios nas cidades banhadas pelo rio e sustento de suas famílias.
     Por ter a maior parte do seu curso em regiões acidentadas, várias hidrelétricas aproveitam o potenciam do rio para a geração de eletricidade para as cidades banhadas pelo Itabapoana ou de regiões vizinhas. Porém, esta prática vem sendo muito questionada pelo fato da grande degradação que essas pequenas centrais hidrelétricas vem causando. Grandes áreas tiveram sua cobertura vegetal retirada ou alagadas, formando uma forte agressão a fauna e flora local, além de grandes perdas para àqueles que sobrevivem da pesca.              Áreas antigamente com alto potencial de pesca agora estão quase inertes de peixes. As empresas não permitem a pesca nos lagos das represas, o que causa revolta e brigas judiciais por parte das colônias de pescadores ao longo de todo o Itabapoana. 

Autor: Thiago Costa Santiliano

    Em seu curso em regiões de serra, muitas corredeiras podem ser avistadas, servindo de interesse de muitos turistas que visitam a região, mas todo grande rio tem suas limitações. Por décadas há relatos de pessoas que se aventuravam nas grandes corredeiras do Itabapoana e nunca mais foram encontradas. Muitas pedras e sumidouros serviam de armadilhas fatais para quem buscavam diversões nas águas do Itabapoana. Ao entrar na água, a pessoa era sugada por entre as pedras escondidas e dali, jamais sairia com vida, e muitas vezes nem mesmo era encontrada. Estes sumidouros estão por toda parte no rio Itabapoana.      Em Mimoso do Sul um trecho do rio era conhecido como "Cachoeira do Inferno" por motivo das inúmeras mortes na região. No final da década de 1990 este trecho foi rebatizado para "Cachoeira das Garças" nome por motivo aos ninhas de garças que se estendiam pela região, além também de proporcionar um nome mais atrativo para os turistas que visitam a região. Mas para àqueles que perderam seus familiares e amigos, o local sempre continuará sendo a tão assustadora Cachoeira do Inferno.

         Mas para a tristeza de muitos, nem Cachoeira das Garças ou do Inferno praticamente existem mais. Depois da construção da Central Hidrelétrica a vasta corredeira de pedras agora permanece exposta. O visitante que passa por ali se depara com um vasto caminho de rochas que parece assadeiras em céu aberto, devido a exposição ao sol, principalmente no verão. Para muitos chega ser belo as rochas polidas pelas águas do Itabapoana, pois se não fosse essas barragens ninguém jamais imaginaria o tão quanto a natureza é poderosa. Mas para outros, este cenário representa a "Morte de um Rio" que através de décadas proporcionou a vida de muitas gerações que ali se estabeleceram. Pois nem mesmo a poluição poder ser comparada com a total destruição do homem no rio Itabapoana, tendo como vítima a fauna, a flora e a si mesmo.

Crie seu site grátis! Este site foi criado com Webnode. Crie um grátis para você também! Comece agora