Fazenda Independência
O Capitão Leopoldino Gonçalves Castanheira, natural de Bonsucesso, próximo a Belo Horizonte, Minas Gerais, veio para São Pedro do Itabapoana, por volta de 1864. Sendo que em 1870 foi designado a 3º vice-presidente da Província do Espírito Santo. Ele era farmacêutico e também lavrador residente em São Pedro, que pertencia ao Município de Cachoeiro "Na época chamava-se de" Província. "Recebeu o titulo de Comendador e passou a ser conhecido como "Comendador Castanheira"
Em 1872, tornou-se proprietário na região e organizou a Companhia Castanheira e Castro e contava com seus 60 escravos para realizar um grande empreendimento, a construção de um grande casarão nas terras. E no ano do centenário da independência dos Estados Unidos da América, 1876, inicia a grande obra, a construção da fazenda Independência.
Concluída em 1881, sendo que em 1880 se tornara Deputado Estadual, mas, em 1888 com a Abolição dos escravos, ficou desanimado com a propriedade e de certa forma precipitou e vendeu o seu grande patrimônio. Os compradores eram os irmãos Ramezoni, sendo que a fazenda ficava na responsabilidade de um administrador, pois os donos moravam em outro estado. Posteriormente pertenceu ao Sr. Antonio Alves Monteiro e, em 1921 o Sr. Pedro Mendes de Carvalho, mineiro que havia comprado a Santanna, propriedade vizinha a Independência, ficou sabendo que o Senhor Monteiro estava interessado a vender a fazenda. O Sr. Pedro Mendes foi a Muriaé, Minas Gerais e fez proposta ao Coronel Domingos Guarçoni que veio fechar negocio em 1922 e no ano de 1923 trouxe junto da esposa Amabília Cecília Serenari Guarçoni os filhos do casal. Estes constituíam doze irmãos, sendo eles; Filomena Guarçoni, João Guarçoni, José Guarçoni, Antônio Guarçoni, Thais Guarçoni, Angelo Guarçoni, Maria Guarçoni, Geraldo Guarçoni, Joventina Guarçoni, Amabília Guarçoni, Domingos Serenari Guarçoni e Otávio Guarçoni. Domingos Guarçoni faleceu em 1939 e a Independência ficou sendo administrada num regime matriarcal, por sua viúva Dona Mariquinha, durante trinta anos que faleceu em 1969. Onde seu filho primogênito, João Guarçoni vendeu em 1972 para o Sr. Antonio Carvalho.
No início da década de 1950 a Fazenda Independência apresentava, segundo o periódico Mimoso do Sul em Revista, uma área de 600 alqueires, sendo 100 alqueires em matas preservadas, 300 alqueires em pastos para criação de bovinos, 70 alqueires para criação de muares e 300 para suínos. Além disso, a propriedade possuía uma lavoura de 2.000.000 pés de café com uma produção anual de 40.000 arrobas, além de 6.000 sacos de milho e 5.000 de arroz. Existiam ainda 200 casas de colonos e uma população de 1.200 pessoas.
A fazenda Independência é um exemplo, com um acervo raro de peças de época - móveis objetos de adorno e utensílios de cozinha. O teto em madeira do casarão compete em beleza com a grandiosidade dos cômodos. Tudo ali é importado. Os móveis vieram da Europa, assim como a porcelana que enfeita as antigas cristaleiras em madeira nobre. Objetos art-noveau atraem muitos pesquisadores e apaixonados por esse período histórico.
Edificação é dotada de dois pavimentos, sendo um porão e pavimento tipo, conformando planta de partido próximo ao "U" e um pátio interno. O sistema construtivo é formado por embasamento de pedras formando as paredes externas do porão e paredes autoportantes de tijolos cerâmicos maciços no pavimento tipo. Alguns dos depósitos do porão eram utilizados no passado como alojamento de escravos e até mesmo como sala de torturas. As fachadas apresentam tratamentos distintos nas áreas correspondentes ao pavimento térreo e superior. Na porção referente ao porão as pedras se encontram aparentes e na porção superior os tijolos estão revestidos por argamassa e camada pictórica. A composição das fachadas remonta ao estilo colonial com influências do período neoclássico, marcado pela presença de cimalhas, simetria em sua face frontal e suntuosidade marcada pelo eixo através do qual se desenvolve o acesso principal para a sede. Em função de sua arquitetura imponente e característica do processo econômico do café, o imóvel representa atualmente um dos mais importantes elementos do acervo arquitetônico rural do Espírito Santo.
A propriedade em 2012 constituía uma área de 102 alqueires e era produtiva na agropecuária, com lavouras de café, banana, milho, eucalipto, seringueira, pecuária de corte, leite e criação de muares.
Fontes: Histórico- Revista Mimoso do Sul - 1951, Luiz Antonio Moulin Carvalho e moradores da região.
Texto: João Odilio Guedes Faria