Fazenda Palestina
A Fazenda Palestina foi fundada por Joaquim Gomes de Paiva, possivelmente no final do século XIX, período em que teria sido construída a residência sede da fazenda. Foi morada da família de Joaquim Gomes Paiva durante muitas décadas, sendo que nunca foi vendida, sendo passada de geração em geração para seus descendentes. Sabe-se que até o ano de 2005 a propriedade pertencia à família Paiva, sendo o Sr. Otacílio José Furtado seu proprietário na época. Anterior a ele, Glecy Paiva foi o último proprietário a zelar pela conservação da propriedade de forma geral, principalmente sua sede.
Abandonada e tomada pelo mato, à sede mantinha o brilho com o teto e os vidros das janelas eram franceses. O casarão era suntuoso. Tinha um número enorme de escravos. Possuía um telhado com 16 águas e de sua varanda, que margeia metade da casa, tinha-se uma visão privilegiada da região. Na época áurea foi palco de saraus promovidos pelo patriarca. Estas ocasiões eram perfeitas para reunir a alta sociedade da época. Gente especializada introduziu luxo e bom gosto: talheres de prata, porcelanas de Limoges e cristais tchecos completavam a rotina da bela sede da fazenda. O lugar tornou-se misterioso depois que o filho do patriarca, adulto, suicidou-se em seu quarto. Desde então o cômodo ficou fechado. As poucas pessoas que pisaram ali só falavam de uma mancha de sangue no chão. Foram criadas varias lendas, como: O fazendeiro era um senhor muito rígido quanto ao horário das refeições e à hora do café da manhã e da tarde. Certo dia, uma escrava muito bonita, adolescente e muito querida pela família preparava para servir o jantar, levava uma bandeja cheia de porcelanas e cristais quando, inesperadamente, tropeçou e tudo foi ao chão. Nervosa e desesperada saiu correndo e o patrão, que presenciou tudo, mandou que os capatazes e escravos fossem em sua perseguição.
A escrava corria pela estrada em disparada, a perseguição era total. Aparece então, uma porteira que a moça abre rapidamente. Ao passar, apos o bater da porteira, ela se vira para olhar os perseguidores, tropeça e cai batendo a cabeça numa pedra. Quando seus perseguidores chegaram até ela só conseguiram ouvir... Não me batam... Não quero morrer... e foram suas ultimas palavras. Dai por diante, coincidência ou não, os negócios do fazendeiro começaram a fracassar, tragédias na família e a fazenda perdiam seu brilho.
Dizia os mais antigos que passavam no local da tragédia que podiam ouvir perfeitamente o "nhemmm e plá" da porteira acompanhados de cantos gregorianos emitidos por voz de extrema suavidade. O interessante de toda historia e que não existia mais a porteira!. "Outras histórias passaram a fazer parte da fazenda, como, "Correntes arrastando pelo chão" Vulto de escravos" "Homem arrastando couro de boi"
Há um projeto de restaurar o imóvel e transformá-lo num hotel fazenda. No ano de 2005 a propriedade foi transferida para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, sendo atualmente parte do Assentamento Palestrina, onde habitam aproximadamente cinqüenta famílias em uma área de 668, 1445 ha.
Texto: João Odilio Guedes Faria